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ELISANGELA CRISTINA DA COSTA

I. Sobre o autor

Elisangela Cristina da Costa, 28 anos, residente em Rio Claro-SP. Tem um poema publicado pela Litteris na antologia E por falar em amor vol 2.


II. Suas Obras


A flor e a abelhinha

“Dentre tantas flores daquele jardim ela encontrou uma que sobressaia-se sobre as demais. Tinha as delicadas pétalas amarelas como que esculpidas para concorrer com a magnificência do sol, exuberante e perfeita em sua singeleza era uma flor grande pendendo sobre um caule grosso com largas folhas verde-escuras, e possuía uma grande altura. Mesmo sem querer desmerecer as demais flores por ali aquela imperava como rainha soberana tal era seu esplendor.

Assim que a descobriu entre tantas folhagens naquele rico e extenso jardim molhado ainda pelo orvalho da manhã, apaixonou-se por ela. Passou longas horas daquele primeiro dia a voar em torno da sua eleita pousando-lhe com suavidade estudada e preocupada a fim de não perturba-la. Sentia todo seu perfume adorado e esta era para ela uma grande benção, a maior talvez. Provou de seu doce e saboroso mel deliciada com sua abundância. Com o fim de tarde caindo rápido viu-se obrigada a abandonar sua amada numa despedida cruel na espera ansiosa para ver o sol surgir novamente na manhã seguinte.

E mais uma vez ela veio. Trazia consigo toda a alegria dos amantes, dos apaixonados e alegrou-se enfim em cortejar sua bela amada tão mais viçosa ainda, mais pulsante e cheia de vida. E novamente seu dia foi repleto, foi intensa festa e nenhum instante se passou sem que ela a cortejasse. Mas novamente a noite tirânica aproximou-se afastando-a de sua eleita. Com tristeza ela partiu para esperar com nostalgia pelo retorno do sol.

E assim prossegui-se um, dois, três dias. E ela na imensidão de seu calor apaixonado não reparava que as lindas pétalas douradas estavam perdendo o viço, murchavam e definhavam anunciando um fim próximo e inevitável. Mas naquela noite ao beijar-lhe enamorada sentiu uma sensação pesada de mau pressagio e chorou sem saber o por quê. Sentia que sua amada queria lhe dizer talvez um adeus, mas negou-se firmemente a acreditar nessa possibilidade.

Voando feliz na manhã orvalhada seguinte pousou contente sobre a conhecida e adorada superfície dourada, sentindo um forte vento de outono viu então assustada que ele carregou consigo as pétalas douradas uma a uma, deixando assim reduzida a nada a linda flor que agora era coisa alguma a não ser um caule verde com as folhas verdes meio amareladas e ressequidas. Voou em desespero atras de suas pétalas tentando segui-las mas o vento as dispersava ao longe de seu alcance deixando-a apenas com a possibilidade de avista-las sumir no infinito céu cinzento.

Assim viu seu jovem amor extinguir-se. Sabia que poderia em suas andanças encontrar outras belas e formosas flores mas sentia profundamente por aquela em especial, sem saber direito por quê, talvez ela tenha tocado verdadeiramente em seu coração pela primeira vez. Agora que tudo estava acabado não restava nada a fazer à abelhinha senão retornar às suas andanças na procura de alegria e de beleza...”

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Isso foi o que me veio ao pensamento e ganhou amor em minhas palavras. Mas estranhamente as escrevi, percebendo só depois que as terminei que elas se comparam em muito ao amor humano. Como uma abelhinha alegre nós encontramos uma flor linda e viçosa que nos toca no coração de forma diferente e devotamos a este amor todo nosso tempo, nossas alegrias, expectativas, esquecendo-se mesmo de quem somos. Isto pode durar o tempo que for até que finalmente este amor começa a perder o viço e a cor, mas estamos no meio do caminho cegos para perceber o que esta realmente acontecendo. Mais dias menos dias somos tocados enfim pela dor inevitável do fim e então tentamos ainda voar em direção aquele tesouro que o vento está levando para longe de nós mas já é tarde e impossível faze-lo retornar. Só nos resta ficarmos observando vê-lo partir e decidir que direção devemos tomar: nos entregarmos à tristeza ou partirmos também, em busca da nossa próxima felicidade.